AS HORAS
Não quero as horas
Todas as horas…
Todos os dias das horas…
Batem na minha cabeça
Envelhecem a minha pele
As horas que minhas não são
Emprestam-me a ilusão de viver
E no dia seguinte lá estão
A diminuir o meu dia
A acrescentar a noite
A contar os meus anos
Companheiras da minha solidão
Entram no meu nariz
Percorrem a respiração
Entram e saem
Entram e saem
São de todos e de ninguém
Marcam o nascer e o morrer
E continuam mundo fora
Como uma grande invenção
Numa enorme precisão
E eu pergunto
Qual a melhor hora
A melhor hora da minha vida?
Será a hora da minha morte?
No fim, todas as horas foram minhas.
M.
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