MARIA ROUPINHA
Sete saias. Nada mais, nada
menos, sete saias uma para cada dia da semana.
Assim anda vestida a Maria
Roupinha.
Ninguém consegue adivinhar a
sua idade. Nos dias de sol parece ter menos idade. Nos dias de chuva
parece ter mais anos de vida. Quando o mar está cão, quem olha para ela parece
que está na frente de uma doce avozinha.
Quem lhe pergunta a idade fica
a saber o mesmo porque Maria Roupinha não sabe quando nasceu. Sabe que a sua
mãe a pariu no mar, no chão da traineira e isso basta.
Os seus olhos são todo o mar.
Tem ondas nos cabelos e andar de sereia.
Passeia pela cidade como se
andasse sobre as ondas. Fala com este e aquele.
Fala com os pescadores quando
pela aurora regressam da faina. Fala com os peixes que ainda moribundos lhe trazem
novidades do mar.
É uma mulher só.
A Nazaré tem a Maria Roupinha
que por batismo se chama Maria da Nazaré mas que por ironia do destino todos
lhe chamam Maria Roupinha.
Diz-se que Maria Roupinha
ainda namora com D. Fuas Roupinho, nobre
cavaleiro que um dia andava à caça e se não fosse Maria da Nazaré teria caído
ao mar do alto da falésia.
Maria Roupinha ainda hoje
veste a saia onde o cavalo tropeçou e deixou
a marca da sua pata.
Também se diz que quando a
onda mestra aparece quem anda a sarfar
vê Maria Roupinha dentro da
onda do mar.
M.
www.bebebabel.com.pt
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