quinta-feira, 29 de novembro de 2012


MARIA ROUPINHA

Sete saias. Nada mais, nada menos, sete saias uma para cada dia da semana.
Assim anda vestida a Maria Roupinha.

Ninguém consegue adivinhar a sua idade. Nos dias de sol parece ter menos idade. Nos dias de chuva parece ter mais anos de vida. Quando o mar está cão, quem olha para ela parece que está na frente de uma doce avozinha.
Quem lhe pergunta a idade fica a saber o mesmo porque Maria Roupinha não sabe quando nasceu. Sabe que a sua mãe a pariu no mar, no chão da traineira e isso basta.

Os seus olhos são todo o mar. Tem ondas nos cabelos e andar de sereia.

Passeia pela cidade como se andasse sobre as ondas. Fala com este e aquele.
Fala com os pescadores quando pela aurora regressam da faina. Fala com os peixes que ainda moribundos lhe trazem novidades do mar. 

É uma mulher só.

A Nazaré tem a Maria Roupinha que por batismo se chama Maria da Nazaré mas que por ironia do destino todos lhe chamam Maria Roupinha.
Diz-se que Maria Roupinha ainda namora com D. Fuas Roupinho,  nobre cavaleiro que um dia andava à caça e se não fosse Maria da Nazaré teria caído ao mar do alto da falésia.

Maria Roupinha ainda hoje veste a saia onde o cavalo tropeçou e deixou
a marca da sua pata.

Também se diz que quando a onda mestra aparece quem anda a sarfar
vê Maria Roupinha dentro da onda do mar.

M.
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