O ENGANO DO PAI NATAL
A Francisca levantou-se num alvoroço e foi a correr
ver os seus presentes de Natal.
Na sala grande estava um enorme embrulho que até era
maior do que ela. Com a preciosa ajuda do gato Mozart que adorava usar as suas
unhas bem afiadas, rasgaram o papel e a caixa de cartão. Dentro da grande caixa
estavam outras caixas mais pequenas, cada uma com um nome por fora. Para o
Daniel, para a Catarina, para a Maria e assim por diante…
A Francisca disse para o gato Mozart:
- Hum!… Tenho a certeza que o Pai Natal se enganou.
Estes presentes são para muitos meninos e meninas que moram na mesma casa, não
achas Mozart!
Em jeito de resposta, o gato abanou a cauda para a
direita e para a esquerda e sentou-se.
Abriram a primeira caixa. Dentro estavam chocolates.
Abriram a segunda e dentro estavam chocolates, a terceira e por aí adiante. Todas
tinham chocolates.
A Francisca também se sentou no chão e ficou a pensar
o que havia de fazer com aquela prenda. O papá e a mamã não me vão deixar comer
isto tudo, pensou a Francisca.
A sala estava cheia de caixas de bombons. O gato
Mozart dormia ao lado da Francisca que ainda se encontrava a imaginar quanto
tempo ia demorar a comer tanto chocolate.
Se ao menos o embrulho tivesse uma morada, ainda seria
possível desfazer o engano do Pai Natal.
Tão forte preocupação passou a invadir os sonhos da
Francisca.
Uma vez sonhou que estava a tomar banho em chocolate e
transformou-se na Menina de Chocolate. Acordou toda transpirada e sobressaltada
porque alguém a partia aos bocadinhos para comer a Menina de Chocolate.
Mais uma vez sonhou com todo aquele chocolate. Muito
entusiasmada e contente, construiu uma casa de chocolate que ficou muito
bonita.
Acordou novamente muito aflita porque a sua casa
estava a desaparecer. Toda a gente da aldeia estava a desfazer a sua casa. As
paredes, as telhas, as escadas, os móveis, tudo estava a ser comido pelas
crianças e por toda a gente grande que gostava de chocolate.
Também sonhou que o mar era de chocolate, os barcos,
os peixes e até os pescadores que andavam à pesca, eram de chocolate. Nesse dia
acordou mais calma porque ninguém comeu o mar, nem os peixes nem os homens de
chocolate que pescavam peixes de chocolate.
No seu último dia de férias de Natal a Francisca
brincava às escondidas com o seu gato e encontrou-o dentro do seu
guarda-vestidos muito ensarilhado na sua camisola castanha.
- Já sei! Gritou a Francisca. Já sei o que vou fazer
com todos os bombons!
No primeiro dia de aulas, depois das férias, falou com
a professora.
À noite falou com os pais. A sua ideia estava a
entusiasmá-la e meteu mãos à obra. Falou com todos os meninos da sua turma e
todos concordaram. No último dia de Janeiro a aldeia estava em festa. Ninguém
cabia de contente ao ver aqueles lindos trabalhos feitos de chocolate.
A imaginação estava ali, naquele que era o primeiro
festival do chocolate.
Todos podiam comprar uma escultura. Um gato, uma
árvore, um sapato, uma cadeira, um carrinho, um elefante, uma flor, um livro, uma
menina de chocolate, tudo, tudo que até fica cansativo dizer aqui. Só mesmo
visto!
No último dia do festival, caíram do céu pintarolas de
chocolate de todas as cores.
A aldeia da Francisca ficou famosa pelos seus Festivais
do Chocolate.
M.
www.bebebabel.com.pt