segunda-feira, 9 de abril de 2012

A CURA DO TIO lUÍS

Eram todos irmãos mas só pela parte da mãe. Cada um tinha um pai diferente. Um ti grado cinzento e douradinho de olhos verdes, outro todo preto como a mãe, outro loiro de olhos azuis, outro tricolor branco preto e amarelo, ou melhor outra porque os tricolores são sempre fêmeas e por último a tartaruga de olhos dourados.
Ninguém os viu nascer porque a astuta mamã fez o ninho num sítio bem escondido lá no fundo do quintal. Escaparam todos e com sete semanas de vida lá começaram eles a aparecer, todos alinhadinhos, atrás da dedicada mamã. Foi assim que se deram a conhecer na entrada da cozinha do tio Luís.
O tio Luís nunca tinha visto a mãe gata pelas redondezas e ficou muito danado pela ousadia de vir ter os bichanos no seu quintal.
Ora esta, o que me está a acontecer! Andou assim todo o dia a pensar no que havia de fazer para se livrar de tanta bicharada. Deitou-se a pensar no assunto mas não lhe vinha nenhuma ideia à cabeça já cansada de tantos problemas.
Na manhã seguinte lá estavam eles todos de roda da gata mãe a aprender as coisas da vida.
O tio Luís até se levantou mais cedo e veio tomar o pequeno-almoço no quintal. Ficou como que enfeitiçado a olhar para os bichanos e para sua grande surpresa, a mãe gata era uma doçura. Veio ter com ele e como que a pedir cama e comida para a sua prol, roçou nas pernas do tio Luís e fez o miau mais ternurento que sabia. O coração tio Luís começou a amolecer.

 A dada atura, uma vozinha chamava, Luís, Luís.

 Olhou ao redor e viu a Mafalda a espreitar no muro. O tio Luís aproximou-se e deu a novidade à Mafalda, que já não era bem novidade, porque ela já tinha percebido que andavam gatos por ali. Os olhos da Mafalda brilhavam de tão contente que estava. A Mafalda passou a visitar o Luís todos os dias só para ver os gatinhos.

 Poucas semanas depois, e quando menos esperava, o Luís já estava rendido ao encanto das brincadeiras e travessuras daqueles pequenotes que até já tentavam trepar às arvores e brincavam com tudo o que mexia.
Começou a sair mais de casa e a sentar-se no quintal. Pela primeira vez, depois da recente morte da sua querida companheira, se sentia feliz. Esperava ansioso pela hora da vinda da Mafalda do infantário para lhe abrir o portão para a visita diária. Ele sabia que ela só vinha pelos gatos mas o que importava é que tinha ganho uma amiguinha.
O coração do tio Luís andava mais contente porque nunca tinha tido nenhum bicho em casa, nem bicho peludo nem bicho de penas, porque a falecida nunca deixou.
 Com muito carinho e algum sacrifício lá comprou um ninho de gato e deixou a sua nova família dormir dentro da cozinha.

Quando foi à consulta, o médico ficou muito admirado com as melhoras do tio Luís que já não andava tão tristonho e deprimido.

Moral da história: O remédio nem sempre vem da farmácia.

M.
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